Por Luciula Valença 12/12/2012 - 08h00
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Mas
por que sentimos dor? A dor é uma experiência multidimensional que inclui
componentes nociceptivos, emocionais e cognitivos. A dor machuca a alma e pode
estar associada à ansiedade, depressão ou outras doenças psiquiátricas. A dor
também pode alterar a função cortical, como a habilidade de pensar com clareza
e a capacidade de tomar decisões adequadas. Apesar de ser uma sensação
desagradável ela é benéfica, pois, nos alerta sobre algo estar errado, e é
também, um mecanismo de preservação e proteção da espécie.
Considerada
como o quinto sinal vital pela Internation Association for the Study Pain
(Associação Internacional para o Estudo da Dor) a DOR é um motivo comum de
preocupação e cuidados que comumente faz as pessoas procurarem ajuda médica.
Trata-se de uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma
lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão (IASP,
2001).
A dor pode
manifestar-se aguda quando associada à lesão latente com duração de segundos
até seis meses. Mediada pelas fibras de rápida condução, “fibras Aδ” (dor
aguda, extrema) – e, dor crônica: constante e intermitente que persiste além do
tempo de cura esperado, e duração de seis meses ou mais. Mediada por fibras de
condução lenta do tipo C (dor prolongada e menos intensa).
Contudo a dor pode
ser classificar também pela origem: Dor Neuropática de origem central a que
ocorre após lesão medular (degenerativa, traumática ou isquêmica), como a
esclerose múltipla, a doença de Parkinson ou lesões isquêmicas em conseqüência
de acidentes vasculares cerebrais ; Ou Dor Nociceptiva: Em que os estímulos das
terminações neurais livres são estimuladas pelos nociceptores. Melhor descrita
a seguir:
Ao cairmos, ou
corta-se sentimos dor, e logo o corpo reage. Quando ativado após estímulos
mecânicos, químicos e de temperatura as fibras A-δ e C expressam uma série de
canais iônicos e receptores que respondem, após o trauma tissular, a liberação
de várias substâncias, incluindo íons H+, ATP, prostaglandinas, acetilcolina,
serotonina, bradicinina, adenosina, citocinas, quimiocinas, fatores
neurotró-ficos, noradrenalina e óxido nítrico. Isso provoca a tradução de
estímulo químico em elétrico, gerando potencial de ação na fibra nociceptiva.
Os impulsos nervosos quando chegam ao sistema nervoso central causam reflexo
neurogênico, com liberação de substância P e CGRP, atração de células do
sistema imune (macrófagos, mastócitos e linfócitos) para o local da lesão e
posterior liberação de citocinas proinflamatórias, histamina, quimiocinas e
radicais superóxidos. Isso provoca vasodilatação capilar, edema e vermelhidão
na área afetada. Além disso, pode haver reflexo motor e neurovegetativo
(simpático) provocando espasmo da musculatura e do vaso sanguíneo com isquemia
local e amplificação da excitabilidade do nervo. Os estímulos conduzem o sinal
nociceptivo ao neurônio nociceptivo primário para o corno dorsal da medula,
onde faz sinapse com um neurônio secundário, no trato espinotalâmico (lateral)
e espinorreticular (medial), que cruzam a medula espinhal e enviam projeções
aferentes aos centros superiores.
Dor induz respostas reflexas
que resultam no aumento do tônus simpático, vasoconstrição, aumento da
resistência vascular sistêmica, aumento do débito cardíaco pelo aumento da
freqüência cardíaca e do débito cardíaco, aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio,
diminuição do tônus gastrointestinal e urinário e aumento do tônus músculo-esquelético.
A estimulação nociceptiva do tronco cerebral causa taquipnéia, com tendência à
dor, secundária às doenças torácicas e abdominais, resultando em espasmos
musculares de reflexo e fadiga involuntária da musculatura e conseqüente hipoventilação
e piora na relação ventilação/perfusão.
E como os remédios
agem para combater a dor? Os analgésicos agem perifericamente, no local da dor,
ou no sistema nervoso central, modificando o processamento dos sinais que o
cérebro recebe através dos nervos. Existem dois tipos de analgésicos: Os
narcóticos – que são derivados do ópio e extraídos da papoila, representado
pela morfina. Eles agem em nível do sistema nervoso central diminuindo a
sensação da dor; E os não-narcóticos – que agem a nível periférico, normalmente
indicado para a dor leve ou moderado.