Por Luciula Valença
21/03/2013 - 18h20
Observe as seguintes
características de uma criança:

Cada criança tem um tempo de
maturação e desenvolvimento diferentes, porém algumas diferenças neste
desenvolver podem indicar um ligeiro atraso e ser motivo de preocupação e
cuidados. Se você reconheceu as atitudes ilustradas acima em alguém que
conhece, o S de Saúde fornece algumas informações para acompanhar o
desenvolvimento saudável entre uma criança de 4 meses a 5 anos de idade.
Verifique se o seu filho está alcançando esse marco típico do desenvolvimento
psicomotor:
Por 3-4 meses
Enfrenta com
interesse e segue objetos em movimento
Reconhece objetos e
pessoas familiares; sorrisos ao som de sua voz
Começa a
desenvolver um sorriso-social
Vira a cabeça para
sons
Por 7 meses
Responde às emoções
de outras pessoas
Gosta de
cara-a-cara jogar, pode encontrar objetos escondidos parcialmente
Explora com as mãos
e boca; luta para fora do alcance de objetos
Responde ao próprio
nome
Usa a voz para
expressar alegria e desagrado; balbucia cadeias de sons
Por 12 meses / 1
ano
Gosta de imitar as
pessoas, tenta imitar sons
Gosta de simples
jogos sociais, como “vai pegar você!”
Explora objetos;
encontra objetos escondidos
Responde ao “não”;
usa gestos simples, como apontando para um objeto
Balbucia com
mudanças de tom, pode usar palavras simples (“dada”, “mama”, “Uh-oh!”)
Se transforma em
pessoa que fala quando o nome dele / dela é chamado.
Por 24 meses / 2
anos
Imita o
comportamento dos outros, está entusiasmado com companhia de outras crianças
Compreende várias
palavras
Encontra objetos
profundamente escondidas; pontos para fotos nomeados e objetos
Começa a
classificar por formas e cores; começa o jogo de faz de conta simples
Reconhece nomes de
pessoas próximas e objetos; segue instruções simples
Combina duas
palavras para se comunicar com outros, tais como “mais biscoito?”
Por 36 meses / 3
anos
Expressa afeição
abertamente e tem uma vasta gama de emoções
Faz o trabalho de
brinquedos mecânicos; jogos de faz de conta
Classifica objetos
por forma e cor, combina objetos para fotos
Segue a 2 – ou
3-parte de comando, usa frases simples para comunicar com os outros, como “ir
para fora, swing?”
Usa pronomes (eu,
você, eu) e alguns plurais (carros, cães)
Por 48 meses / 4 anos
Coopera com outras
crianças; está cada vez mais inventivo em jogo de fantasia
Alguns nomes de
cores; entende conceitos de contagem e tempo
Fala em frases de
5-6 palavras
Conta histórias,
fala com clareza suficiente para estranhos para entender
Segue três partes
comandos; entende “mesmo” e “diferente”
Por 60 Meses / 5
anos
Quer ser como seus
/ suas amigos, gosta de cantar, dançar e atuar
É capaz de
distinguir a fantasia da realidade
Shows maior
independência
Pode contar 10 ou
mais objetos e corretamente citar pelo menos quatro cores
Fala em penas de
mais de cinco palavras, conta histórias mais longas
FONTE: AUTISM
SPEAKS
Se no primeiro quadro você
identificou alguma característica de uma criança que conhece: CALMA ou KEEP
CALM! Neste você observou características de uma criança que possivelmente pode
ter Transtornos de Espectro Autista (ASD) ou Autismo. O S de Saúde falará sobre
o que é; e, como diagnosticar; o autista; prognóstico e tratamento.
O autismo é um distúrbio do
desenvolvimento do sistema nervoso que afeta o relacionamento dos seus
portadores com outras pessoas e com o mundo ao seu redor. Esses distúrbios são
caracterizados em graus variados, pelas deficiências sociais e de comunicação e
interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos. Segundo o
DMS-5 (Manual Diagnóstico Estatístico de transtornos Mentais) publicada pela
American Psychiatric Association (APA) as seguintes subcategorias são
denominadas no ASD: Transtorno autista, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo
da infância, transtorno invasivo do desenvolvimento não-específico (PDD-NOS),
transtorno de comunicação social, e síndrome de Asperger.
Os estudos mais recentes
sugerem um índice de médio de 60/10.000 para o espectro autista (Chakrabarti e
Fombonne, 2001). Considerando-se as taxas de 60/10.000 ou a mais recente taxa
de 1% podemos estimar baseado no censo de 2000 (IBGE, 2000), que entre um a
dois milhões de brasileiros preencham critério do espectro autista, sendo de
400 a 600 mil com menos de 20 anos, e entre 120 e 200 mil menores de cinco
anos.
O Diagnóstico
do Autismo é baseado na
história clínica e norteado por critérios estabelecidos pelo CID (Classificação
Internacional de Doenças da OMS) ou pelo DSM (Manual de Diagnóstico e
Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria). As Causas
do Autismo, por fim, ainda estão sendo elucidadas através das pesquisas
científicas. O que já se sabe é que há um componente genético importante como
causa da doença, e que há possibilidade de associação de fatores ambientais desencadeantes.
Vários fatores ambientais foram associados ao autismo, como exposição fetal ao
vírus da rubéola, bebidas alcoólicas, substâncias abortivas, como o misoprostol
e ao ácido valproico. Cerca de 10 a 15% das causas do autismo tem uma causa genética específica e
identificável, como Síndrome do X Frágil, Esclerose Tuberosa e Síndrome de
Angelman, e outros.
O tratamento do Autismo é
traçado de acordo com as dificuldades e habilidades da criança, levando-se em
consideração a fase de desenvolvimento. O tratamento médico (pediatra,
neurologista, psiquiatra, dentista) e intervenção comportamental, através de terapia
farmacológica, nutricional, fonodiológica, ocupacional, fisioterapêutica,
psicopedagógica, e psicológica fazem parte deste tratamento. O tratamento e
prognóstico variam caso a caso, os indivíduos tem expectativa de longevidade
normal, sendo o estado autista permanente (não tem cura), a intervenção precoce
ainda é o melhor aliado no tratamento.
A fisioterapia é focada
sobre problemas com o movimento que causem limitações funcionais: bem como as
habilidades motoras, como sentar, andar, correr ou saltar; O objetivo do
tratamento é promover adequação sobre o tônus muscular, melhorar o equilíbrio e
propriocepção, psicomotricidade, coordenação e treino para atividades de vida
diária (AVD`S),
O Autista pode apresentar
vários tipos de comportamentos, alguns agressivos, perigosos, repetitivos,
demonstrar alguma tolerância ou ser muito sensível a dor, frio, calor. Sendo
assim, é um grande desafio para pais e profissionais lidar com o autista. Não
se sabe com certeza as razões desses comportamentos, mas, acredita-se que eles
têm forte base sensorial. A linguagem e a escrita também são desafios para o
autista, uma vez que ele tem dificuldade de compreender como a comunicação
funciona (trabalha), o que pode contribuir para criar problemas de
comportamento. Muitos tratamentos foram desenvolvidos para trabalhar a
linguagem, interação sensorial, interação social, comportamento. Alguns modelos
de tratamento têm comprovação científica e são comumente adotados em todo mundo:
» TEACCH (Treatment and
Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children) é um
programa estruturado que combina diferentes materiais visuais para organizar o
ambiente físico através de rotinas e sistemas de trabalho, de forma a tornar o
ambiente mais compreensível, esse método visa à independência e o aprendizado.
» PECS (Picture Exchange
Communication System) é um método que se utiliza figuras e adesivos para
facilitar a comunicação e compreensão ao estabelecer uma associação entre
a atividade/símbolo.
» ABA (Applied Behavior
Analysis), ou seja, analise comportamental aplicada que se embasa na aplicação
dos princípios fundamentais da teoria do aprendizado baseado no condicionamento
operante e reforçadores para incrementar comportamentos socialmente
significativos, reduzir comportamentos indesejáveis e desenvolver
habilidades.
Ainda não foi encontrada uma
cura para o autismo. No entanto, em novembro de 2010, foi divulgado que um
grupo de cientistas nos EUA, liderado pelo pesquisador brasileiro Alysoon
Renato Muotri, na Universidade da Califórnia, conseguiu "curar" um
neurônio "autista" em laboratório. O estudo foi publicado na revista
científica Cell.

Em
janeiro de 2013, foi publicado um estudo no "Journal of Child Psychology
and Psychiatry" afirmando que é possível, sim, reverter completamente os
sintomas do transtorno neurológico que afeta a comunicação, a sociabilidade e o
comportamento. No entanto, a melhora no quadro é restrita a um pequeno grupo de
doentes, que corresponde a menos de 10% dos autistas. A pesquisa foi feita
com 34 pessoas diagnosticadas com autismo antes dos 5 anos. Os casos eram de
moderados a graves. Depois de intensivos testes, os sintomas foram revertidos.
Portanto, paciência,
paciência e paciência. Compreender o autismo é a melhor forma para lidar com
ele. Todos têm limitações, nada é perfeito, precisamos compreender o outro,
saber de habilidades e inabilidades para convivermos. Se, conhece alguma criança autista procure ajuda
médica para melhor ser avaliada a criança, lembre-se que a intervenção precoce
é o melhor aliado no prognostico e desenvolvimento da criança com autismo.
A seguir o S de Saúde indica
links e filmes sobre o tema:
2- Querido John
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3- Rain Man
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7- Adam
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10- Loucos de Amor
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12- Um Certo Olhar
|
13- Temple Grandin
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14- Amargo Pesadelo
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22- Ressurreição
|
10 coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse:
(Por Ellen Nottohm)
1. Antes de tudo eu
sou uma criança
2. A minha percepção
sensorial é desordenada
3. Por favor, lembre
de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não
consigo fazer)
4. Eu sou um
"pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto,
não consigo fazer abstrações.
5. Por favor, tenha
paciência com o meu vocabulário limitado.
6. Eu sou muito
orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.
7. Por favor, preste
atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso
fazer.
8. Por favor, me ajude
com interações sociais.
9. Tente encontrar o
que provoca a minha perda de controle.
10. Se você é um
membro da família me ame sem nenhuma condição.
Veja na íntegra: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=9CF8TKkZRKA
E
você, quer contribuir com o S de saúde? Envie seu comentário/ email para
sdesaude.luciulavalenca@hotmail.com