sábado, 20 de abril de 2013

O Quebra cabeça chamado AUTISMO

Por Luciula Valença                                                           21/03/2013 - 18h20
Observe as seguintes características de uma criança:

Cada criança tem um tempo de maturação e desenvolvimento diferentes, porém algumas diferenças neste desenvolver podem indicar um ligeiro atraso e ser motivo de preocupação e cuidados. Se você reconheceu as atitudes ilustradas acima em alguém que conhece, o S de Saúde fornece algumas informações para acompanhar o desenvolvimento saudável entre uma criança de 4 meses a 5 anos de idade. Verifique se o seu filho está alcançando esse marco típico do desenvolvimento psicomotor:
Por 3-4 meses
Enfrenta com interesse e segue objetos em movimento
Reconhece objetos e pessoas familiares; sorrisos ao som de sua voz
Começa a desenvolver um sorriso-social
Vira a cabeça para sons
Por 7 meses
Responde às emoções de outras pessoas
Gosta de cara-a-cara jogar, pode encontrar objetos escondidos parcialmente
Explora com as mãos e boca; luta para fora do alcance de objetos
Responde ao próprio nome
Usa a voz para expressar alegria e desagrado; balbucia cadeias de sons
Por 12 meses / 1 ano
Gosta de imitar as pessoas, tenta imitar sons
Gosta de simples jogos sociais, como “vai pegar você!”
Explora objetos; encontra objetos escondidos
Responde ao “não”; usa gestos simples, como apontando para um objeto
Balbucia com mudanças de tom, pode usar palavras simples (“dada”, “mama”, “Uh-oh!”)
Se transforma em pessoa que fala quando o nome dele / dela é chamado.
Por 24 meses / 2 anos
Imita o comportamento dos outros, está entusiasmado com companhia de outras crianças
Compreende várias palavras
Encontra objetos profundamente escondidas; pontos para fotos nomeados e objetos
Começa a classificar por formas e cores; começa o jogo de faz de conta simples
Reconhece nomes de pessoas próximas e objetos; segue instruções simples
Combina duas palavras para se comunicar com outros, tais como “mais biscoito?”
Por 36 meses / 3 anos
Expressa afeição abertamente e tem uma vasta gama de emoções
Faz o trabalho de brinquedos mecânicos; jogos de faz de conta
Classifica objetos por forma e cor, combina objetos para fotos
Segue a 2 – ou 3-parte de comando, usa frases simples para comunicar com os outros, como “ir para fora, swing?”
Usa pronomes (eu, você, eu) e alguns plurais (carros, cães)
Por 48 meses / 4 anos
Coopera com outras crianças; está cada vez mais inventivo em jogo de fantasia
Alguns nomes de cores; entende conceitos de contagem e tempo
Fala em frases de 5-6 palavras
Conta histórias, fala com clareza suficiente para estranhos para entender
Segue três partes comandos; entende “mesmo” e “diferente”
Por 60 Meses / 5 anos
Quer ser como seus / suas amigos, gosta de cantar, dançar e atuar
É capaz de distinguir a fantasia da realidade
Shows maior independência
Pode contar 10 ou mais objetos e corretamente citar pelo menos quatro cores
Fala em penas de mais de cinco palavras, conta histórias mais longas
FONTE:  AUTISM SPEAKS

Se no primeiro quadro você identificou alguma característica de uma criança que conhece: CALMA ou KEEP CALM! Neste você observou características de uma criança que possivelmente pode ter Transtornos de Espectro Autista (ASD) ou Autismo. O S de Saúde falará sobre o que é; e, como diagnosticar; o autista; prognóstico e tratamento.
O autismo é um distúrbio do desenvolvimento do sistema nervoso que afeta o relacionamento dos seus portadores com outras pessoas e com o mundo ao seu redor. Esses distúrbios são caracterizados em graus variados, pelas deficiências sociais e de comunicação e interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos. Segundo o DMS-5 (Manual Diagnóstico Estatístico de transtornos Mentais) publicada pela American Psychiatric Association (APA) as seguintes subcategorias são denominadas no ASD: Transtorno autista, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância, transtorno invasivo do desenvolvimento não-específico (PDD-NOS), transtorno de comunicação social, e síndrome de Asperger.
Os estudos mais recentes sugerem um índice de médio de 60/10.000 para o espectro autista (Chakrabarti e Fombonne, 2001). Considerando-se as taxas de 60/10.000 ou a mais recente taxa de 1% podemos estimar baseado no censo de 2000 (IBGE, 2000), que entre um a dois milhões de brasileiros preencham critério do espectro autista, sendo de 400 a 600 mil com menos de 20 anos, e entre 120 e 200 mil menores de cinco anos.
O Diagnóstico do Autismo é baseado na história clínica e norteado por critérios estabelecidos pelo CID (Classificação Internacional de Doenças da OMS) ou pelo DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria). As Causas do Autismo, por fim, ainda estão sendo elucidadas através das pesquisas científicas. O que já se sabe é que há um componente genético importante como causa da doença, e que há possibilidade de associação de fatores ambientais desencadeantes. Vários fatores ambientais foram associados ao autismo, como exposição fetal ao vírus da rubéola, bebidas alcoólicas, substâncias abortivas, como o misoprostol e ao ácido valproico. Cerca de 10 a 15% das causas do autismo tem uma causa genética específica e identificável, como Síndrome do X Frágil, Esclerose Tuberosa e Síndrome de Angelman, e outros.

O tratamento do Autismo é traçado de acordo com as dificuldades e habilidades da criança, levando-se em consideração a fase de desenvolvimento. O tratamento médico (pediatra, neurologista, psiquiatra, dentista) e intervenção comportamental, através de terapia farmacológica, nutricional, fonodiológica, ocupacional, fisioterapêutica, psicopedagógica, e psicológica fazem parte deste tratamento. O tratamento e prognóstico variam caso a caso, os indivíduos tem expectativa de longevidade normal, sendo o estado autista permanente (não tem cura), a intervenção precoce ainda é o melhor aliado no tratamento.
A fisioterapia é focada sobre problemas com o movimento que causem limitações funcionais: bem como as habilidades motoras, como sentar, andar, correr ou saltar; O objetivo do tratamento é promover adequação sobre o tônus muscular, melhorar o equilíbrio e propriocepção, psicomotricidade, coordenação e treino para atividades de vida diária (AVD`S),
O Autista pode apresentar vários tipos de comportamentos, alguns agressivos, perigosos, repetitivos, demonstrar alguma tolerância ou ser muito sensível a dor, frio, calor. Sendo assim, é um grande desafio para pais e profissionais lidar com o autista. Não se sabe com certeza as razões desses comportamentos, mas, acredita-se que eles têm forte base sensorial. A linguagem e a escrita também são desafios para o autista, uma vez que ele tem dificuldade de compreender como a comunicação funciona (trabalha), o que pode contribuir para criar problemas de comportamento. Muitos tratamentos foram desenvolvidos para trabalhar a linguagem, interação sensorial, interação social, comportamento. Alguns modelos de tratamento têm comprovação científica e são comumente adotados em todo mundo:
» TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children) é um programa estruturado que combina diferentes materiais visuais para organizar o ambiente físico através de rotinas e sistemas de trabalho, de forma a tornar o ambiente mais compreensível, esse método visa à independência e o aprendizado.
» PECS (Picture Exchange Communication System) é um método que se utiliza figuras e adesivos para facilitar  a comunicação e compreensão ao estabelecer uma associação entre a atividade/símbolo.
» ABA (Applied Behavior Analysis), ou seja, analise comportamental aplicada que se embasa na aplicação dos princípios fundamentais da teoria do aprendizado baseado no condicionamento operante e reforçadores para incrementar comportamentos socialmente significativos, reduzir comportamentos indesejáveis  e desenvolver habilidades.
Ainda não foi encontrada uma cura para o autismo. No entanto, em novembro de 2010, foi divulgado que um grupo de cientistas nos EUA, liderado pelo pesquisador brasileiro Alysoon Renato Muotri, na Universidade da Califórnia, conseguiu "curar" um neurônio "autista" em laboratório. O estudo foi publicado na revista científica Cell.


Em janeiro de 2013, foi publicado um estudo no "Journal of Child Psychology and Psychiatry" afirmando que é possível, sim, reverter completamente os sintomas do transtorno neurológico que afeta a comunicação, a sociabilidade e o comportamento. No entanto, a melhora no quadro é restrita a um pequeno grupo de doentes, que corresponde a menos de 10% dos autistas. A pesquisa foi feita com 34 pessoas diagnosticadas com autismo antes dos 5 anos. Os casos eram de moderados a graves. Depois de intensivos testes, os sintomas foram revertidos.
Portanto, paciência, paciência e paciência. Compreender o autismo é a melhor forma para lidar com ele. Todos têm limitações, nada é perfeito, precisamos compreender o outro, saber de habilidades e inabilidades para convivermos. Se,  conhece alguma criança autista procure ajuda médica para melhor ser avaliada a criança, lembre-se que a intervenção precoce é o melhor aliado no prognostico e desenvolvimento da criança com autismo.


A seguir o S de Saúde indica links e filmes sobre o tema:
7- Adam

10 coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse:
(Por Ellen Nottohm)
1. Antes de tudo eu sou uma criança
2. A minha percepção sensorial é desordenada
3. Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer)
4. Eu sou um "pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.
5. Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.
6. Eu sou muito orientado visualmente  porque a linguagem é muito difícil para mim.
7. Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer.
8. Por favor, me ajude com interações sociais.
9. Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.
10. Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.

E você, quer contribuir com o S de saúde? Envie seu comentário/ email para sdesaude.luciulavalenca@hotmail.com