11/03/2013 23h10 - Atualizado em 11/03/2013 23h10
Do BN

Apesar do
desempenho positivo, o índice estadual é menor que os 3,5% previstos durante a
divulgação do 3º trimestre pela agência, que revisou os 5% anunciados no começo
de 2012. "Esses resultados devem ser lidos dentro de um contexto de
crise, que vem se aprofundando principalmente na Europa. A economia europeia é
um elemento importante na economia mundial e afeta a economia brasileira. Ainda
assim, crescemos mais que o dobro do Brasil e, certamente, nossa desempenho não
foi melhor por causa da seca que atingiu a agropecuária", afirma o diretor
de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas do Condepe/Fidem, Rodolfo Guimarães.
A
agropecuária teve uma queda de 15% no acumulando do ano, puxada principalmente
pela pecuária e pelas lavouras temporárias, mais ligadas à agricultura
familiar. "Houve uma perda quase total das culturas do milho e do feijão e
um impacto negativo na cana-de-açúcar, que atinge a indústria de transformação.
Tivemos também uma queda muito grande dos rebanhos bovinos, com recuo de 30,2%.
Isso está muito ligado à seca", explica Guimarães. Em 2012, a pecuária
pernambucana teve uma queda de 28,4%.
Apesar
das dificuldades no setor agropecuário, as lavouras permantentes tiveram um
pequeno crescimento, de 0,4%. "Tivemos queda em várias culturas, mas até
um aumento razoável da uva e da manga, por conta de estarem em uma zona de
irrigação. O peso dessas duas culturas representam 68% das lavouras
permanentes, por isso esse desempelho", detalha Guimarães.
Os bons
números de 2012, em que Pernambuco teve um PIB de R$ 115,6 bilhões, foram
puxados pelos setores de serviços e indústria, em especial o primeiro.
"Temos que lembrar que o perfil do estado ainda não mudou, sendo que 73%
do PIB é do setor de serviços", lembra o presidente da Agência
Condepe/Fidem, Maurílio Lima.
O setor
de serviços avançou 2%, se comparado ao ano anterior. O destaque ficara para os
serviços de transporte, armazenagem e correio, com 9,3% de crescimento no
acumulado do ano. "O serviço de transportes teve um bom crescimento. O
maior peso é o rodoviário, a vocação logística de Pernambuco. Cargas
rodoviárias têm o maior peso nesse crescimento, você transporta as mercadorias,
não mais apenas cana-de-açúcar", aponta Guimarães. Um dos reflexos está no
crescimento no número de galpões no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana
do Recife, por exemplo.
A
expansão das atividades imobiliárias, aluguel e intermediação financeira, que
apresentam a segunda maior taxa de crescimento dentro dos serviços, com avanço
de 4,6%, pode ser explicada como um reflexo das indústrias que estão se
instalando no estado, aponta o diretor. "É preciso observar o resultado
como um todo. Tivemos menos investimentos, mas havia outros já previstos, que
não tinham como ser retirados", ressalta.
Já a
indústria cresceu ao longo do ano 3,7%, com uma expressão quase nula no quatro
trimestre. "Apesar de uma desaceleração ao longo do ano, seguindo a
tendência do Brasil, a indústria teve um crescimento. A indústria do açúcar
puxou para baixo o crescimento da indústria de transformação e, por tabela, o
crescimento da indústria", explica Guimarães. O desempenho da construção
civil mais uma vez puxou o setor, com um avanço de 3% ao comparado com 2011.
A
indústria de transformação apresentou uma queda de 0,1% e a de serviços de
utilidade pública, como água, gás e água (SIUP), teve um recuo de 4,9%. Nesse
último item, a queda se deu, aponta a Agência, pelo recuo da produção de
energia em Petrolândia, de 9%. "Foi o ano em que todas as expectativas
foram contrariadas, tanto no nível internacional quanto nacional. O cenário
internacional se mostrou bem mais difícil do que estava se esperando",
admite o diretor, que prefere não arriscar ainda palpites para 2013.
"Fala-se em 3% de crescimento para o Brasil, podemos começar daí",
ponderou Guimarães.