Por Luciula Valença 15/12/2012 - 06h30
sdesaude.luciulavalenca@hotmail.com
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam no Brasil 6 milhões de
usuários de crack. Porém o ministério da saúde contabiliza 2 milhões de
usuários. Em contrapartida estudos da Unifesp demonstram que um terço dos
usuários encontra a cura, outro terço mantém o vicio/dependência e o outro
terço morre, mas em 85% dos casos estes usuários estão relacionados com a
violência.

O crack é seis vezes mais
potente que a cocaína, provoca dependência física e
leva a morte devido a sua ação
fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco. Trata-se da mistura de cloridrato
de cocaína
(cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada. Após inalação
leva 15 segundos para chegar ao cérebro. A ação do crack no
cérebro dura entre cinco e dez minutos, período em que é potencializada a
liberação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina, ao percorrer a corrente sanguínea o usuário sente-se energizado,
mas dependendo da quantidade pode provocar os seguintes efeitos: Forte aceleração dos batimentos cardíacos; Aumento
da pressão arterial; Dilatação das pupilas; Suor
intenso; Tremor muscular; Excitação
acentuada; Sensações de aparente bem-estar; Aumento da capacidade física e
mental; Indiferença à dor e ao cansaço; Inquietação psicomotora
(dificuldade para permanecer parado, até quadros mais sérios de agitação); Aumento
do estado de alerta e inibição do apetite; Alterações do humor; Euforia (desinibição, fala solta)
a sintomas de mal-estar psíquico (medo, ansiedade e inibição da fala).
Sendo
uma questão de saúde pública foi lançado no Brasil o programa Crack,
é possível vencer
(2012), trata-se de uma ação interministerial que conta com os ministérios da
Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além da Casa
Civil e da Secretaria de Direitos Humanos. Já aderiram ao programa os estados
de Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Acre,
Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Piauí, Paraná, Ceará, São
Paulo e recentemente Distrito Federal. O governo federal pretende investir 4
bilhões no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas eu
fundamenta-se com a ações conjuntas em três eixos: CUIDADO, PREVENÇÃO,
SEGURANÇA PÚBICA.
A rede de atendimento oferece
além dos CAPS e leitos para internação, outros programas voltados aos
dependentes de álcool e drogas. São eles: Casas
de passagem: moradia transitória para pacientes que iniciaram o tratamento para
dependência, mas necessitam de um espaço protegido para viverem durante um
período limitado; Consultórios de Rua: formado por uma equipe de psicólogos,
enfermeiros e assistentes sociais para atender principalmente pessoas que moram
nas ruas e que não costumam freqüentar os serviços de saúde; Articulação saúde,
arte, cultura e geração de renda: parceria importante estabelecida foi feita
entre os ministérios da Saúde, da Cultura e do Ministério do Trabalho e
Emprego. Até o momento, o MS apoiou 342 iniciativas; Centros de Convivência e Cultura: oferece
especialmente aos usuários da saúde mental, espaços de sociabilidade, educação,
produção cultural, sustentação das diferenças e intervenção na cidade. Existem
52 em funcionamento no país; Núcleos de Apoio à Saúde da Família: atualmente, NASFs
estão implantados no país, com profissionais de saúde mental – assistentes
sociais, psicólogos, médicos psiquiatras e terapeutas ocupacionais.
O sistema de tratamento
inclui INTERNAÇÃO, TRATAMENTO AMBULATORIAL, incluindo técnicas com tratamento
psicoterápico, medicamentoso e auto-ajuda. O usuário utiliza uma abordagem
interdisciplinar e rede integrada de atenção psicossocial através de:
Ações preventivas: sensibilização e capacitação dos profissionais de saúde e
educação
Identificação
precoce e encaminhamento adequado
Desintoxicação:
tratamento e suporte sintomático
Tratamento das
comorbidades: clínicas e psiquiátricas.
Estratégias de
psicoeducacionais: trabalhar fatores de risco
Grupos de
auto-ajuda
Acompanhamento
ao longo do tempo na Estratégia Saúde da Família
Abordagens
psicoterápicas por profissionais habilitados, terapias individuais, grupais
Terapia
cognitiva comportamental.
Treino de habilidades sociais e
prevenção de recaídas
Reabilitação neuropsicológica e
psicossocial
Redução de danos com base em evidências médicas e legais
Rede de atenção: leitos em hospitais gerais e
psiquiátricos para desintoxicação, ambulatórios, CAPS AD, albergamento
sócio-terapeutico e moradias assistidas (todos com infra-estrutura para correta
abordagem terapêutica).
Com a crise econômica
mundial, o baixo custo da droga e a marginalização social o crack tornou-se
bastante popular ocorrendo uma explosão consumista pela droga especialmente em
países capitalistas desenvolvidos representando a decomposição social onde a principal
mercadoria é a autodestruição. O sucesso deste programa dar-se-á quando além da
adesão voluntária dos dependentes, as ações estiverem voltadas na atenção a
diversidade dos problemas, bem como a saúde mental e física, social, familiar,
profissional, conjugal, criminal entre outros. O crack não é um problema seu, é
nosso. E toda a sociedade deve agir com promoção e prevenção da saúde pública,
assim como ocorre em outras campanhas como a dengue. Pois, é possível vencer
!!!